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terça-feira, 17 de agosto de 2010

VIOLÊNCIA - CARRO-FORTE CADA VEZ MAIS VULNERÁVEL


Numa ação marcada pela violência, cinco homens assaltaram um carro-forte da Preserve e mataram um dos vigilantes, na manhã de ontem, no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife. O grupo, que portava pistolas e espingardas calibre 12, conseguiu escapar levando o dinheiro. Edivaldo Cícero Ambrósio da Cunha, 28 anos, era o fiel (segurança que carrega o malote com o dinheiro) do carro-forte.

Ao descer do veículo e tentar entrar no Banco Real, ele levou dois tiros. Caído no chão e ainda segurando a sacola com R$ 38 mil, Cícero foi executado por um bandido que se aproximou, disparou à queima-roupa e recolheu o malote e a arma dele. O vigilante Juan Pablo Barbosa de França foi ferido no ombro. Ele recebeu os primeiros-socorros no Hospital da Aeronáutica e depois foi transferido para o Hospital Miguel Arraes, em Paulista, onde permanecia internado até o início da noite de ontem.

Os tiros disparados pelos assaltantes destruíram a porta de vidro do banco e perfuraram um carro parado no estacionamento. Os ladrões já estavam esperando, quando o carro-forte chegou. Três estavam em uma barraca de lanche à esquerda do banco e um fingia olhar os produtos de uma pet shop, no lado direito. O quinto suspeito ficou na direção do carro, um Palio. Ao avistarem o alvo, os homens na barraquinha avisaram ao cúmplice que estava na pet shop. Este colocou uma máscara e pegou uma arma no veículo.

“Era um grupo bastante experiente. Veio para concretizar o assalto a qualquer custo. Não se preocupou com as consequências dos disparos. Abriu fogo até conseguir tomar o malote. Todo o efetivo da Região Metropolitana está em alerta para que possamos prender esses bandidos, sobretudo porque eles não hesitaram em tirar a vida de um pai de família”, afirmou o tenente-coronel Denys Lima, comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar.

Equipes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e da Delegacia de Roubos e Furtos estiveram no local do crime e iniciaram a investigação. O vigilante estava caído no chão quando levou um tiro no peito. O disparo ainda raspou na parte de cima do colete, mas acabou atingindo Edvaldo Cícero. Os peritos contaram mais de 20 marcas de bala ao redor do banco. Um projétil de pistola foi encontrado a 50 metros do local do tiroteio.

“Eu me joguei no chão e fiquei rezando. Era muita bala mesmo. Achei que tinha um Exército atirando do lado de fora da loja”, afirmou um comerciante vizinho do Banco Real, que preferiu não se identificar. A agência bancária teve o expediente encerrado. Várias funcionárias saíram chorando, em estado de choque.

Os peritos recolheram o colete do vigilante morto, projéteis e imagens feitas por um morador vizinho do banco e do circuito interno da pet shop onde um dos ladrões estava antes de anunciar o assalto.

O Palio utilizado pelos ladrões foi deixado a cinco quadras do banco. O veículo havia sido roubado na Rua Antônio Falcão, em Boa Viagem, no dia 9 de agosto. No banco do carona, os policiais encontraram manchas de sangue. Pelo menos um dos bandidos teria ficado ferido. Ao abandonar o Palio, a quadrilha tomou um Fiesta de assalto e continuou a fuga. O segundo veículo foi deixado em Prazeres e não se teve mais notícias do grupo.

Apesar do vigilante ter sido assassinado, o caso se trata de um latrocínio e ficará a cargo da Delegacia de Roubos e Furtos. “Por enquanto ainda estamos no início da investigação, recolhendo todas as informações que possam auxiliar na identificação da quadrilha”explicou o delegado-adjunto da Roubos e Furtos, Felipe Regueira.

O vigilante Edivaldo Cícero Ambrósio da Cunha era recém-casado e trabalhava na Preserve há dois anos. Ele foi soldado do Exército onde se destacou como atirador. O sepultamento do segurança está marcado para a tarde de hoje, em Pombos, no Agreste do Estado.

O trânsito na Avenida Bernardo Vieira de Melo ficou lento durante toda a manhã nas imediações do Banco Real. Apenas metade da pista estava aberta para os veículos. Somente ao meio-dia, o trabalho de levantamento das evidências foi concluído e as quatro faixas liberadas.

Vários colegas do vigilante morto desviaram as rotas de seus carros-forte e foram ao local do crime. Sem se identificar para evitar represálias, um deles asseverou que Cícero não será o último que vai morrer em ações como a de ontem.

“Os bancos e as empresas não estão preocupados com o que aconteceu. Dentro das agências já foram realizados vários investimentos em segurança que dificultam a ação dos bandidos. O ponto fraco é exatamente a hora de deixar e recolher dinheiro. A gente desce no meio da rua e tem que caminhar até o banco. Se eles fizessem uma entrada específica para o carro-forte não passaríamos por isso”, protestou o vigilante.

Fonte - JC OnLine

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