ARARIPINA

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PMA

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ROUBO DE ARSENAL - QUADRILHA CAÇADA EM OUTROS ESTADOS


O roubo cinematográfico de armas da Polícia Militar em quartéis de cinco cidades do Sertão levou os Estados vizinhos de Pernambuco a entrar em estado de alerta. Com bloqueios nas estradas e orientação aos soldados aquartelados, os governos de Alagoas, Paraíba, Ceará e Bahia pretendem evitar a passagem dos bandidos por seus territórios e impedir novos crimes desse tipo em suas unidades policiais.

Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Eduardo Campos, que estão na região onde aconteceu o assalto para visitar as obras de transposição do Rio São Francisco, se mostraram preocupados com a ousadia da quadrilha e prometeram que os responsáveis serão punidos. A polícia pernambucana não quis falar sobre o assunto, no entanto, já se sabe que pelo sotaque dos criminosos, o grupo é do Sul ou Sudeste.

No Ceará, o comandante do Policiamento do Interior, coronel Francisco Araújo de Andrade, organiza operação na divisa com Pernambuco e Piauí. “Já fizemos comunicados a todos os batalhões que atuam nas divisas, deixando todos em atenção. Também montamos pontos de bloqueio nas rodovias”, explica.

A preocupação da polícia cearense é que a quadrilha tenha saído de Salgueiro em direção a Ouricuri e, de lá, tente entrar no Estado pelos municípios de Campos Sales e Assaré. “Os policiais estão pedindo que a população fique atenta a veículos estranhos. Isso porque, as cidades do interior são pequenas e a presença de estranhos é notada rapidamente”, afirma coronel Andrade.

O comandante confirmou pontos de bloqueios na BR-116 e BR-122, além das CEs 257, 292 e 388. Para o fim de semana, a polícia cearense pretende montar a Operação Deflagração, para dar continuidade às buscas.

No território baiano, a PM local não está preocupada apenas com a localização da quadrilha. Para o assessor de comunicação da corporação, capitão Marcelo Pitta, o roubo de armas em quartéis e destacamentos pernambucanos serve de alerta para os outros Estados.

“Já foi repassada orientação aos policiais aquartelados para redobrar a atenção. Principalmente nos locais onde ficam armazenadas as armas”, destaca Pitta. De acordo com o capitão, as autoridades pernambucanas passaram algumas informações sobre a quadrilha. “O que nos repassaram é que os bandidos têm sotaque de fora do Nordeste.”

As polícias de Alagoas e Paraíba também confirmaram que estão realizando bloqueios nas estradas. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi comunicada do fato logo após o crime e repassou a informação para todos os postos da área. Em Pernambuco, a PM realiza blitzes em várias rodovias do interior.

Ontem, a movimentação foi intensa na Delegacia de Salgueiro. O Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil, que está à frente da investigação, montou base no local. Os delegados não quiseram dar entrevistas, mas o que se sabe é que a polícia colheu alguns depoimentos. A cúpula da PM se reuniu na sede do 8º Batalhão para decidir os próximos passos.

O arrastão das armas das unidades da PM de Salgueiro, Terra Nova, Verdejantes, Serrita e Parnamirim teve início com o sequestro do capitão Marcos Vinícius Barros dos Santos, 37 anos, chefe do setor de inteligência do 8º Batalhão.

Enquanto mantinham a esposa e a filha dele reféns em Salgueiro, os bandidos obrigaram o oficial a pegar 58 armas – 15 fuzis, 5 submetralhadoras e 38 pistolas – e entregar ao grupo. O crime aconteceu da terça para a quarta-feira e durou oito horas. Ninguém foi preso.

LULA E EDUARDO

A investida ousada nos quartéis do Sertão do Estado aconteceu poucas horas antes da chegada do presidente Lula e do governador Eduardo Campos. Ontem, um dia depois do fato, os dois falaram sobre o assunto ainda durante visita às obras da transposição. Para o presidente, o melhor nesse momento é esperar.

“Obviamente, que estou sempre preocupado quando são roubadas armas do Exército ou da PM, em qualquer lugar. Por isso, é melhor não dar palpite. É melhor esperar. Agora, tenha a certeza de que nós vamos chegar aos autores. Isso foi coisa de quadrilha para fazer assaltos”, disse Lula ao Blog de Jamildo.

Já o governador, que classificou o roubo como “absurdo”, aproveitou para refutar as críticas à segurança no interior do Estado, dizendo que nunca houve tanto policiamento na região. “Não é a primeira vez no Brasil que ações ousadas como essa acontecem. Já invadiram outros batalhões, mas podem ficar certos que os culpados serão punidos”.

Carlos Eduardo Santos
csantos@jc.com.br

QUARTÉIS ASSALTADOS SEM ESTRUTURA PARA COMBATER O CRIME

SALGUEIRO – Um dia depois do roubo do arsenal em quartéis da Polícia Militar, o JC refez o circuito de quase 180 quilômetros percorrido pelo capitão do 8º Batalhão Marcos Vinícius Barros dos Santos.

Ele foi obrigado por sequestradores a recolher 58 armas em unidades de Terra Nova, Verdejante, Parnamirim, Serrita e Salgueiro, provocando um prejuízo de cerca de R$ 250 mil aos cofres públicos. Nesses locais, o cenário é desolador. Destacamentos com estrutura precária, sem segurança e, agora, com quantidade menor de equipamentos para combater o crime.

No destacamento de Verdejante, onde o capitão passou por volta de 1h30 da madrugada da quarta-feira recolhendo o arsenal, restaram apenas duas pistolas para os quatro PMs. “O policiamento está sendo feito com armamento dos militares”, conta um PM que preferiu não ser identificado.

Do quartel foram levados fuzil, submetralhadora e duas pistolas. O chefe do Estado-Maior da PM, tenente-coronel Tavares Lira, no entanto, negou a falta de armamento na unidade.

Em Terra Nova, a perda do arsenal só não foi maior porque uma equipe levou as armas para operação de erradicação de maconha. Do destacamento, foram roubados dois fuzis e duas pistolas, restando dez pistolas e duas metralhadoras (que estão no conserto). O local é uma demonstração de que nem a PM está segura.

O portão é fechado com um cadeado e a única viatura fica do lado de fora. Os quatro policiais trabalham nos dias de folga para não comprometer o efetivo.

Na 3ª Companhia Militar de Serrita, a situação do armamento é um pouco melhor. No dia do roubo, a reserva contava com oito fuzis, quinze pistolas e quatro metralhadoras.

A ação dos bandidos desfalcou o arsenal em dois fuzis, três pistolas e uma submetralhadora, além de 87 projéteis. Os municípios de Salgueiro e Parnamirim foram os que mais sofreram baixa no arsenal. Foram 33 armas no primeiro e 11 no segundo.

Adriana Guarda
adrianaguarda@jc.com.br

CAPITÃO TEM SEGURANÇA 24 HORAS

Depois de passar pelo trauma de ser sequestrado e ter a família feita refém em casa, o capitão Marcos Vinícius tenta, aos poucos, retomar a rotina. A residência do oficial, localizada no bairro Nova Olinda, está sendo vigiada 24 horas por dia por PMs.
Ontem, durante todo o dia, parentes, amigos e policiais visitaram a família. A mãe do capitão, Gemma Celeste, disse que o prefeito Marcones Sá e o vice-prefeito foram prestar solidariedade ao oficial.

Se o vai e vem era grande na casa do oficial, maior ainda ficou a movimentação na cidade. Por toda a parte, foi possível encontrar policiais de várias unidades. Na quarta-feira, chegaram ao município o delegado do GOE, Cláudio Castro, e o Chefe do Estado-Maior da PM, coronel Tavares Lira.

Pela cidade, o sequestro do oficial e o roubo das armas estão na boca da população. Os boatos vão desde que a ação foi comandada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa de São Paulo, passando por um bando da Bahia que vem atacando Pernambuco.

Ontem, o JC esteve no 8º BPM e na Delegacia de Salgueiro em busca de informações, mas foi informada que as assessorias de comunicação da PM e da Secretaria de Defesa Social (SDS) estariam concentrando a divulgação das informações.

Nascido em Palmares, Mata Sul do Estado, o capitão Marcos Vinícius está em Salgueiro desde 1992, quando ocupava a função de tenente. Na sua atual casa, onde foi abordado pelos criminosos, reside há quatro anos.

Casado há 16 anos, é pai de uma menina de 13 anos (que foi feita refém com a mãe) e um menino de 15 anos (que estuda no Recife e foi avisado do ocorrido com a família pela psicóloga da escola). (A.G.)

Fonte-JC

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